“Viver uma vida eucarística é fazer da nossa vida pão repartido para a vida do mundo”
Dom Danival Milagres, bispo auxiliar de Goiânia, celebrou pela primeira vez na Catedral Metropolitana, a solenidade de Corpus Christi. A celebração, que foi assistida pelo Diácono Guilherme, contou com a participação de centenas de fiéis. O bispo, que foi acolhido em nossa arquidiocese no último dia 24 de maio, Festa da Padroeira Nossa Senhora Auxiliadora, fez uma profunda reflexão sobre o sentido da celebração do Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus Cristo.
“Hoje é um dia santo que nos remete também à Quinta-feira Santa, dia da instituição da eucaristia. Hoje, de forma solene, nós celebramos a eucaristia e somos chamados a dar testemunho público da nossa fé”, afirmou. Conforme o bispo, a eucaristia é por excelência o sacramento do amor e a celebração remete àquilo que o próprio Jesus celebrou na última ceia. “Antes de sofrer a paixão e morte de cruz, Jesus comeu a páscoa com os seus discípulos, ele sacramentalizou o gesto supremo do seu amor manifestado na cruz. A sua vida nos foi dada, entregue, o seu sangue derramado para a vida do mundo”. Dom Danival disse que por meio da eucaristia Deus permanece conosco.
Receber a eucaristia, contudo, requer de nós compromisso. Dom Danival explicou que receber a eucaristia deve preceder compromisso de obediência à palavra que também nos foi dada como alimento. “A comunhão de vida que fazemos com Jesus passa necessariamente pelo acolhimento da sua palavra a fim de deixar-nos conduzir pelos seus ensinamentos. As decisões que temos que tomar em nossas vidas têm que ser iluminadas pela palavra do Senhor, é assim que nós vivemos profundamente a comunhão de vida com Jesus”.
Nova aliança
Dom Danival comentou que na eucaristia somos convidados a condividir a vida com o mestre, pois com a nova aliança já não é o sangue de um animal que é oferecido, mas a própria vida de Jesus. A morte de Cristo na cruz, disse o bispo, “é consequência do novo sacrifício que ele inaugura que é a obediência à vontade de Deus. Participar dessa nova e eterna aliança exige de nós também a resposta daquele povo libertado do Egito: ‘nós faremos e obedeceremos o que o Senhor nos diz’, assim nós vamos viver de forma autêntica a comunhão com Jesus na eucaristia, a eucaristia nos faz também comprometidos uns com os outros, se estamos dispostos e condividir a vida com Jesus é para sermos presença dele no mundo, sacramento de Cristo na vida uns dos outros vivendo o que ele nos pediu, assumindo o jeito de ser e de viver de jesus, é assim que nós testemunhamos que estamos em comunhão com ele”.
Convidividir a vida com Jesus é também praticar gestos de solidariedade. Para isso, precisamos estar atentos àqueles que sofrem, seja longe ou perto de nós. Dom Danival disse que não é preciso que uma catrástrofe aconteça para que exercitemos o nosso amor ao próximo. “Não pode faltar a sensibilidade, a compaixão, a solidariedade pra quem está pertinho de nós, às vezes é lá em casa que estão precisando da nossa presença compassiva, misericordiosa, às vezes é o nosso vizinho, alguém pertinho de nós que pode estar passando por dificuldades e às vezes nos tornamos indiferentes. A lição da eucaristia se torna cotidianamente o compromisso de viver a partilha, de viver e testemunhar a fé pela caridade, pela solidariedade por gestos de amor. Vivamos, irmãos e irmãs, da eucaristia”.
A verdadeira caridade
O caminho natural de vivência cristã é a prática da caridade, conforme Dom Danival. Precisamos aprender isso de Jesus: gestos de doação, de entrega. “Viver uma vida eucarística é viver uma vida agradecida a Deus de modo que tudo que nós fizermos deve ser uma forma de correspondermos ao amor de Deus. Os nossos gestos, o bem que nós fazemos uns aos outros, se tornam verdadeiramente caridade. Eu costumo dizer que toda caridade é um bem enorme que nós fazemos aos outros, mas nem todo bem que fazemos é caridade. Só é caridade quando nosso gesto é fruto do amor gratuito de Deus em nós que nos impele a agir da mesma forma que o Senhor agiu conosco. Ele nos deu a sua vida. Alimentar-nos da sua vida que nos foi dada como alimento salutar é assumir o compromisso de fazer da nossa vida pão repartido, vida doada, sangue derramado. O sangue é sinal da vida que nos foi dado, alimentemo-nos deste sacramento de amor e sejamos presença do amor de Cristo, presença de esperança, de solidariedade, de gestos concretos de fraternidade na vida uns dos outros. É assim que nós vamos testemunhar que a nossa comunhão com Jesus na eucaristia tem sido eficaz na nossa vida. Não é algo intimista, mas é algo de compromisso com a comunhão fraterna. Alimentemo-nos do pão da vida e façamos da nossa vida pão repartido para a vida do mundo. Que assim seja, amém!”.
Após a Missa aconteceu a tradicional procissão com o Santíssimo Sacramento ao redor da Catedral. Em seguida, houve um momento de adoração iniciado por Dom Danival e concluído pelo arcebispo emérito, Dom Washington Cruz, CP.