Escrito em 15/06/2018
Biodiversidade – Sobrevivência em jogo
o problema da biodiversidade ainda é ignorado. Essa cegueira é perigosa.
Embora as mudanças climáticas tenham se tornado um clima político do qual ninguém – exceto o governo dos EUA – coloca em dúvida, o problema da biodiversidade ainda é ignorado. Essa cegueira é perigosa. Os cinco relatórios recém-publicados pela Plataforma Intergovernamental de Política Científica sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) confirmam o cenário retratado por outros estudos. A situação é alarmante e requer uma resposta urgente. Segundo a IPBES, a deterioração da qualidade do solo e o rápido declínio das espécies representam uma séria ameaça ao bem-estar humano e à estabilidade das sociedades.
Além do seu valor intrínseco, a natureza oferece à humanidade serviços indispensáveis para o funcionamento da economia e a manutenção da vida. Polinização das culturas, disponibilidade de água doce, fertilidade da terra, proteção contra enchentes e chuvas extremas, bem como a produtividade dos oceanos: a biodiversidade “é fundamental não apenas para nossa sobrevivência, mas também para nossa cultura e identidade”, enfatiza a IPBES.
O problema climático é difícil de ser enfrentado devido à sua dimensão global, mas com relação à biodiversidade, a imobilidade política é ainda mais incompreensível se pensarmos que, para melhorar a situação, os governos poderiam adotar medidas simples, independentemente dos outros. Segundo a IBPES, na Europa, a principal causa de declínio da biodiversidade é o modelo agrícola dominante, baseado no uso de agente químicos (inseticidas, herbicidas, fertilizantes sintéticos). Na América, os principais fatores destrutivos são as imensas monoculturas de soja e milho.
O Centro Nacional Francês de Pesquisa publicou números assustadores: nos últimos 15 anos, 30% das aves desapareceram devido à agricultura intensiva. O declínio de insetos (quase 80% na Europa nos últimos 30 anos) é outro sinal alarmante. A morte do último rinoceronte branco do norte, macho, simboliza a capacidade humana de aniquilar uma espécie.
Publicado originalmente em Revista Mundo e Missão, julho 2018, p. 8.
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