Os mártires da Igreja
A palavra “mártir” vem do grego mártys, mártyros, que significa testemunha, que chega ao derramamento do próprio sangue
A história da Igreja é a dos seus mártires de todos os tempos, aqueles que por amor a Cristo e à Igreja derramaram o seu sangue para não apostatar, não negar a sua fé e não trair Jesus e a Igreja, “Onde a semente do Evangelho foi lançada à terra, teve de ser regada com o sangue dos mártires”. É o exército daqueles que “(...) lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro” (Ap 7, 14).
A palavra “mártir” vem do grego mártys, mártyros, que significa testemunha, que chega ao derramamento do próprio sangue. O Papa Bento XVI assim se exprime: “O martírio é a morte voluntariamente aceita por causa da fé cristã ou por causa do exercício de outra virtude relacionada com a fé”.
Assim foi no mundo todo e em todos os tempos. Desde que Cristo ressuscitou, os apóstolos foram perseguidos em Jerusalém; São Tiago e Santo Estevão foram ali martirizados. Do ano 64 até 313, o Império Romano derramou abundantemente o sangue dos mártires: foram mais de 100 mil mortos.
Tertuliano de Cartago (+ 220) escreveu ao imperador Marco Aurélio, em seu Apologeticum, que não adiantava matar os cristãos, porque “(...) o sangue dos mártires é semente de novos cristãos”.
Essa mortandade continuou em muitos países da Ásia, como o Japão, a Coreia etc., e mais tarde com o nazismo, o comunismo, a Revolução Francesa (1789), a Revolução Mexicana (1926), a Revolução Espanhola (1930) até os nossos dias, acontecendo hoje, especialmente, nos países muçulmanos dominados pelo Estado islâmico.
O século XX fez que os cristãos revivessem a era do martírio não mais com anfiteatros e feras, mas em campos de concentração, masmorras solitárias e fuzilamentos. O Papa João Paulo II disse que “Estes 2 mil anos depois do nascimento de Cristo estão marcados pelo persistente testemunho dos mártires. Também este século, que caminha para o seu ocaso, conheceu numerosíssimos mártires, sobretudo por causa do nazismo, do comunismo e das lutas raciais ou tribais” (Bula Incarnationis Mysterium, nº 13).
Do ponto de vista psicológico, o martírio é a prova mais eloquente da verdade da fé, que consegue dar um rosto humano inclusive à morte mais violenta e manifestar a sua beleza mesmo nas perseguições mais atrozes.
Na canonização de um santo, o martírio comprovado e qualificado dispensa a exigência de dois milagres. Normalmente, o processo de canonização tem quatro etapas: servo de Deus, venerável, beato e santo. Para ser beato é necessário um milagre e para ser santo, dois.
Algumas vezes a etapa de beatificação registra tantos milagres que o Papa pode dispensar a prova de um milagre específico; isso aconteceu, por exemplo, com São José de Anchieta, que o Papa Francisco canonizou sem a exigência de um milagre específico, tendo em vista a abundância de seus milagres. Foi beatificado em 1980 pelo Papa João Paulo II e canonizado em 2014 pelo Papa Francisco, ficando conhecido como o Apóstolo do Brasil; em abril de 2015 foi declarado copadroeiro do Brasil na 53ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).