Reflexão sobre o Ato Penitencial da missa
De acordo com o pontífice, quem é consciente das próprias misérias e abaixa os olhos com humildade, sente sobre si o olhar misericordioso de Deus
Seguindo no ciclo de reflexões sobre a Santa Missa, no contexto dos ritos iniciais, o papa Francisco destacou a necessidade de reconhecer-se pecador diante de Deus e dos irmãos, confessando os pecados com sinceridade. Para exemplificar, o Santo Padre utiliza a parábola do fariseu e do publicano, em que somente o segundo publicano volta para casa justificado (c. Lc 18,9-14). De acordo com o pontífice, “quem é consciente das próprias misérias e abaixa os olhos com humildade, sente sobre si o olhar misericordioso de Deus. Sabemos por experiência que somente quem sabe reconhecer os erros e pedir desculpas recebe a compreensão e o perdão dos outros”.
Ele ainda afirma que o convite do sacerdote é dirigido a toda a comunidade em oração, porque todos somos pecadores: “O que pode dar o Senhor a quem já tem o coração cheio de si, do próprio sucesso? Nada, porque o presunçoso é incapaz de receber perdão, satisfeito como é da sua presumida justiça”.
“Ouvir em silêncio a voz da consciência permite reconhecer que os nossos pensamentos são distantes dos pensamentos divinos, que as nossas palavras e as nossas ações são muitas vezes mundanas, guiadas, isto é, por escolhas contrárias ao Evangelho. Por isso, no início da Missa, fazemos comunitariamente o ato penitencial mediante uma fórmula de confissão geral, pronunciada na primeira pessoa do singular.”
O Santo Padre ainda afirma que cada um confessa a Deus e aos irmãos “ter pecado em pensamentos, palavras, atos e omissões. Sim, também por omissões, ou seja, ter deixado de fazer o bem que poderia ter feito. Muitas vezes nos sentimos bravos porque – dizemos –‘não fizemos mal a ninguém’. Na realidade, não basta não fazer o mal ao próximo, é preciso escolher fazer o bem aproveitando as ocasiões para dar bom testemunho de que somos discípulos de Jesus. É bom ressaltar que confessamos tanto a Deus quanto aos irmãos sermos pecadores: isso nos ajuda a compreender a dimensão do pecado que, enquanto nos separa de Deus, divide-nos também dos nossos irmãos e vice-versa. O pecado rompe: rompe a relação com Deus e rompe a relação com os irmãos, a relação na família, na sociedade, na comunidade; o pecado rompe sempre, separa e divide”.
“Sabemos por experiência que somente quem sabe reconhecer os erros e pedir desculpas recebe a compreensão e o perdão dos outros”. De acordo com Francisco, as palavras que dizemos com a boca são acompanhadas do gesto de bater no peito, reconhecendo que pecamos por nossa culpa, não dos outros: “Acontece muitas vezes que, por medo ou vergonha, apontamos o dedo para acusar outros. Custa admitir sermos culpados, mas nos faz bem confessar o erro com sinceridade. Confessar os próprios pecados. Eu recordo uma história, que contava um velho missionário, de uma mulher que foi se confessar e começou a dizer os erros do marido; depois, passou a contar os erros da sogra e depois os pecados dos vizinhos. A um certo ponto, o confessor lhe disse: ‘Mas, senhora, diga-me: terminou? Muito bem: a senhora terminou com os pecados dos outros. Agora comece a dizer os seus’. Dizer os próprios pecados!”.
Por fim, o Santo Padre mencionou alguns exemplos e figuras bíblicas “penitentes” que, após terem cometido um pecado, encontraram a coragem de tirar as máscaras e se abrir à graça que renova o coração, como o rei Davi, o filho pródigo, São Pedro, Zaqueu e a mulher samaritana.